Para que Serve a Carbamazepina?

A carbamazepina é muito conhecida pelo seu uso no tratamento da epilepsia, mas ela não é eficaz para tratar todos os tipos de crises epilépticas e também tem mais indicações, como manifestações do transtorno bipolar e dores nos nervos.

Para que serve a Carbamazepina?

Vamos começar pelas indicações da carbamazepina, ela serve para tratar apenas alguns tipos de crises de epilepsia:

  • As crises parciais, que também são chamadas de crises focais, e que podem ser complexas ou simples – enquanto nas simples não ocorre perda de consciência, nas complexas podem haver;
  • E as crises tônico-clônicas generalizadas, que são as mais frequentes e conhecidas – quando o paciente fica se debatendo devido aos tremores pelo corpo e perde a consciência.

Nas crises de ausência e nas crises mioclônicas a carbamazepina não é empregada porque geralmente não é eficaz nesses casos.

E ela pode ser utilizada tanto como único medicamento no tratamento ou em combinação com outros medicamentos em terapia combinada.

A carbamazepina também serve pra tratar a mania aguda, que é uma manifestação do transtorno bipolar, quando o paciente está em uma fase eufórica, e para prevenir ou ou diminuir a frequência desses episódios.

Outras indicações incluem a síndrome de abstinência alcoólica, a neuropatia diabética dolorosa, que é uma complicação da diabetes, quando os nervos vão se degenerando, outros tipos de dores nos nervos associadas a algumas condições, como dores no nervo trigêmeo da face causadas esclerose múltipla e a neuralgia glossofaríngea idiopática, que é uma condição rara, quando o nono nervo craniano apresentar dor intensa que se manifesta na parte de trás da garganta.

E finalizando essas indicações, entram a poliúria, quando o paciente passa a eliminar muita urina durante o dia por alguma causa, e a polidipsia, que é a sede exagerada e a ingestão de muitos líquidos por causa disso, de origem neuro-hormonal.

Mecanismo de ação

Quanto ao mecanismo de ação, a carbamazepina é eficaz no tratamento de todas essas condições porque é um remédio antiepiléptico que age reduzindo os impulsos nervosos que podem causar as crises epilépticas e as dores nos nervos, é neurotrópico, ou seja, age no Sistema Nervoso, e psicotrópico: muda a atividade mental e o humor. E não, a carbamazepina não é tarja preta, é tarja vermelha com necessidade de retenção da receita.

Referência/Nomes comerciais

A carbamazepina é o nome do princípio ativo e é possível encontrar o medicamento genérico com esse nome, na forma de comprimidos de 200 ou 400 mg, tanto os convencionais quanto os de liberação controlada. E também existe a suspensão oral com 20 mg/mL.

O Tegretol é o nome comercial do medicamento de referência. O Tegretol CR é a versão dos comprimidos de liberação controlada.

Em qualquer formato, a carbamazepina só é vendida com a apresentação de receita médica, receita do tipo branca prescrita em duas vias, e uma delas fica retida na farmácia.

Carbamazepina serve pra ansiedade?

A carbamazepina tem efeito sobre a ansiedade, e eu falo isso já respondendo a essa pergunta tão frequente que é se ela serve pra tratar a ansiedade, e apesar dela controlar, sim, os sintomas, não é indicada apenas com essa finalidade. Como os pacientes com epilepsia, transtorno bipolar e dores crônicas costumam ter ansiedade também, eles acabam se beneficiando desse efeito durante o tratamento.

Efeitos colaterais mais comuns: Engorda?

Passando para os efeitos colaterais, os mais comuns incluem inchaço, ganho de peso e sonolência, leucopenia, que é a diminuição dos leucócitos, trombocitopenia, que é a queda das plaquetas, e a eosinofilia. Aqui a gente já viu que ele pode fazer o paciente em tratamento engordar sim, é uma reação comum. Conta pra mim aqui embaixo se você já passou por esse processo de ganho de peso por causa de alguma medicação!

A carbamazepina também pode causar hiponatremia, que é a baixa concentração de sódio no sangue, que pode levar à intoxicação por água, mas muito raramente, além de visão dupla ou embaçada, devido ao distúrbio de acomodação, dor de cabeça, enjoo, vômito e boca seca, urticária e aumento da fosfatase alcalina do sangue. São todas reações comuns, mas não é por isso que elas vão acontecer com todos que utilizarem essa medicação.

Serve para dormir?

Outro efeito colateral comum que a gente viu é a sonolência, e é por isso que muita gente acha que a carbamazepina serve para dormir, mas não, ela não pode ser utilizada com essa finalidade, o sono é apenas uma reação adversa da substância.

Causa impotência?

Outra dúvida comum é se a carbamazepina causa impotência, e a resposta é: ela pode sim, causar impotência, diminuição da libido e da testosterona, mas isso é muito raro.

Pode matar?

A preocupação também inclui a possibilidade da carbamazepina poder matar, será que é possível? E esse risco existe, sim, no caso de uma superdose, principalmente. Uma dose potencialmente fatal é de 50 mg por kg. Por exemplo, se alguém pesa 60 quilos, ingerir 3 gramas da carbamazepina pode sim, ser fatal, por isso é importante seguir a prescrição médica à risca.

Como tomar

E chegamos à posologia. A carbamazepina pode ser ingerida entre as refeições, durante ou logo após se alimentar. A suspensão oral deve ser agitada antes de usar e os comprimidos devem ser ingeridos por via oral com um pouco de líquido, sem nunca serem mastigados, porque eles precisam atravessar o estômago intactos.

O tratamento só deve ser feito sob orientação médica, nunca por conta própria. Na bula, a dose inicial indicada para o tratamento das crises de epilepsia é de 100 a 200 mg, 1 a 2 vezes ao dia, e essa dose deve ser aumentada aos poucos, ficando na média de 400 mg, 2 a 3 vezes ao dia, mas alguns pacientes podem precisar de uma dosagem total diária maior, de 1.600 a 2.000 mg por dia.

Para o tratamento da mania aguda no transtorno bipolar, a dose diária pode ser de 400 a 1.600 mg por dia, de acordo com a bula, também, divididos em 2 a 3 doses.
Na síndrome de abstinência alcoólica, a dosagem média indicada é de 200 mg, 3 vezes ao dia, mas essa dose pode ser maior em casos mais graves.
Pra tratar a neuralgia do trigêmeo, a dose inicial recomendada é de 200 a 400 mg por dia, até o máximo de 1200 mg diários. Em média, fica estabelecida a quantidade de 200 mg por dose, 3 a 4 vezes ao dia.
E para o alívio da neuropatia diabética dolorosa, a dosagem média da carbamazepina é de 200 mg, 2 a 4 vezes ao dia.

Para as crianças e adolescentes, o tratamento inicia com doses em menor quantidade.

Contraindicações

E é claro que existem as restrições de uso. A carbamazepina é contraindicada para as pessoas alérgicas a essa substância e outras presentes na fórmula do medicamento, e também a outros fármacos que tenham uma estrutura relacionada a ela, como os antidepressivos tricíclicos, a exemplo da amitriptilina.

Pacientes com bloqueio átrio-ventricular, histórico de depressão da medula óssea e porfirias hepáticas também não podem utilizá-lo. A carbamazepina também não pode ser associada com medicamentos da classe dos inibidores da monoamino-oxidase.

Carbamazepina e álcool

Em relação ao uso junto com as bebidas alcoólicas, a carbamazepina pode diminuir a tolerância ao álcool e por isso que essa mistura não é aconselhada, assim como para a maioria dos medicamentos. Então, durante o tratamento, o ideal é parar de beber!

Preço

O preço da caixa com 20 comprimidos de 200 mg da carbamazepina é, em média, R$ 9,00. E o xarope custa entre R$ 10,00 e R$ 23,00.

Atualizado em: 21/11/2022 na categoria: Anticonvulsivantes